quarta-feira, 18 de julho de 2012

Contos e Causos do Índio - Violência II



Pinga com Cobra...Cérebros de símios servidos nos próprios crânios, enquanto o corpo reluta pela vida...petiscos de siris que andam sobre a mesa...vitelo faminto confinado, logo é tenro bife empanado...a fêmea fértil do sauveiro, transforma-se em suculento iça forrado...
Não teríamos espaço para enumerar tantas receitas da culinária bizarra, tão normal de acordo com a cultura de cada povo.
...Mais de 73 milhões de tubarões são pescados a cada ano; agonizantes são devolvidos na água e a sopa de barbatanas é colocada nas tigelas para manter a tradição milenar; de poucos filhotes, erroneamente classificado como o terror dos mares, uma das espécies mais antigas do planeta, sem leis internacionais que a proteja, nada rumo a extinção.
E dai? Se por aqui gabam-se os que tem salmão, cedo à tarde ou a noite. Feliz é a sagrada vaca lá na outra parte do mundo, no entanto não tem a mesma sina o cão; se não é maltratado, será comercializado em açougue ou mercado. Sua carne tão saborosa, é comprada ao costelão, cupim e picanha de boi, na churrascaria do lado de cá.
E o índio?
Não importa se foi o dono da terra do novo continente, se cochilou, churrasco também será. " Essa criatura rara de nossa fauna, não merecia ter sofrido tamanha atrocidade... Protesto, ele dormiu em local impróprio, os meninos só queriam se divertir, não tiveram em nenhum momento a intenção de cometer homicídio. Peço a absolvição de meus clientes, senhores jurados..."
Jovens da burguesia atearam fogo ao corpo do cacique que dormiu em um banco no perímetro urbano. O ato impensado, culminou em óbito - dias depois. ( Trecho da obra fictícia ainda não publicada: "Duas vezes Índio" ).

Empolgado, o profissional responsável pela acusação dos assassinos atrapalhou-se ao dirigir-se aos jurados, tudo ficou tão fácil então, para o experiente defensor contratado.
Ficção e realidade se confundem; a vida de um ser humano pode ter o mesmo valor de uma cesta básica, ou um fim de semana de trabalho comunitário, depende do lado do globo em que *"o vulto do mal" estiver.

Por mais que tentem explicar, não entenderão as brechas nas leis dos civilizados, os selvagens que só querem viver em paz e que a justiça seja feita.
Yamamoto, não podemos ser apenas uma ou duas gotas brandas que caem das folhas em noite de sereno, enquanto a água do mar continuar tão salgada.

Não tema os tubarões!

Sucesso!




*Vulto do Mal: Personagem que sai das trevas para cometer crimes em noites claras.


Autor: Neusir - Índio

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