quarta-feira, 18 de julho de 2012

Contos Causos e Crônicas do Índio


- Não sei! No coletivo superlotado a passageira não soube responder a pergunta que lhe fez a menina.
Na era da informatização não há mais lugar para certas fantasias, é tempo de ceder e aprender com os mais jovens. 

Não Invente

O conceito de um maravilhoso tempo de outrora deve ser revisto. Ficará óbvio que tomarei como exemplo determinada época, lugar e situação daquele momento, onde é possível que, para alguns não tenha sido tão ruim, porém não perfeito quanto espalham os saudosistas.
Quanto mais se vive, mais se aprende, nos ensina a teoria, no entanto direi que longevidade não é sinônimo de sabedoria. 
Conheço idosos dignos da luz do velho que desce da montanha - ele aponta o bom caminho àquele que nele crê - mas não podemos disfarçar que existem os arrogantes. Estes exigem tudo, sem oferecer nada em troca; não é exagero nenhum destacar a discriminação com que tratam preferências atuais protegidas por leis oficias e falam daquele tempo onde tudo era perfeito: os filhos exemplares e obedientes - será? - ; os românticos casais que só davam - as mãos - após o matrimônio; inexistia o adultério - ; não? He! he! - e a ordem pública - da força - predominava.
- Êpa! O santo é de barro, devagar com o andor que a história não é bem assim. Diria Braga Patelê, o velhinho iluminado, protegido pelo Anjo Tropeiro, portanto, não adepto a meias verdades.
Não precisaremos forçar a memória para recordar da mesma década onde desapareceram misteriosamente tantos que não aceitaram a vida de gado imposta.
Onde estava democracia e o direito de ir e vir? 
O divórcio era pecado, os cônjuges eram obrigados a conviver sob o mesmo teto "até que a morte os separe", todavia havia o desquite tão condenado pelos moralistas, tenho pena das desquitadas. Atiravam-lhes a primeira e tantas outras pedras. Futuras "mães solteiras" foram expulsas de casa ou espancadas. Olhem ai o aborto clandestino.
Quem não se lembra do casamento na polícia? O Delegado mandava deter o namorado apressadinho. Pode?  Quem sabe o que é legitima defesa da honra... 
Certo dia a menina fugiu quando lhe apresentaram o sitiante mal cheiroso. Seu pai havia marcado seu casamento... Não daremos mais detalhes sobre o episódio quanto revoltante...
Vi o menino de catorze meses deixar de ser atendido no posto de saúde. Agonizou quarenta dias antes de vir a óbito.
O Médico, candidato derrotado nas eleições admitiu a omissão de socorro. Motivo: A mãe do pequeno paciente teria entregado ao doutor uma carta pedindo atendimento urgente assinada pelo farmacêutico, o prefeito eleito.
O corpo do bebê desapareceu. A família calou-se. Por que?
Saudosismo é bom, porém sem exageros, pois, uma vírgula mal colocada pode distorcer a verdadeira história. 
Tempos maravilhosos são os atuais, onde a cuja deixou de ser dura e não dita as regras mais. A liberdade de expressão é um direito garantido pela nossa Constituição, diremos então só a verdade aos sábios que estão chegando ao nosso querido Planeta Água.
Os de tenra idade muitas perguntas nos farão. " Não sei " poderá ser a melhor resposta, não inventaremos. Nada está pior, a falsa impressão é que hoje temos acesso à informação.
A menina no ônibus queria apenas saber a diferença entre os edifícios na área central e os condomínios protegidos por cercas eletrificadas. A mãe não soube responder no entanto não inventou causos e nem criou caso. 
Se alguém me perguntar também não saberei responder. Pois voltei a ser criança outra vez para compreender o que não nos foi dito lá atrás e ainda não aprendi a mentir.

Autor: Neusir - Índio

Nenhum comentário:

Postar um comentário