sexta-feira, 27 de julho de 2012

Nóis que tá

De Sorocaba fomos à Serra Paranapiacaba, chegamos ao terminal turístico e o moço tinha saído para almoçar. No gabinete, o prefeito não estava lá, a câmara permaneceu fechada pois todos saíram em campanha acirrada.
O boteco do Nosso Teto deixou as portas fechadas; o portão do estádio esteve todo tempo com o cadeado e a barraca de gengibre desmontada. Restou-nos observar então o encontro das àguas para alegria dos patos.
Descemos a Serra, onde a Anta despejava àgua; pelo menos a Nariguda não saiu para pedir votos. 
Na Toca da Onça, a pintada nos deu de beber, a felina não miou mas Gabi, Fuinha e Professor Pedro sim.
"Voltem sempre" disse o Jorge que plantava grama para enfeitar a Gruta Sagrada.
Tava tudo muito bão, só farto o Alecão na excursão, porém tiramos tantas fotos em sua homenagem, mesmo assim esbravejou o amigo, fûlo da vida por que não participou da aventura.e do baita armoço que nos foi oferecido, com fogão de lenha, panela de barro e tudo mais.
Chora não mermão, não somos culpados se ocê num tá de féria não. É nóis que tá!!! 
He! he! he!

Autor: Neusir - Índio

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Contos Causos e Crônicas do Índio


- Não sei! No coletivo superlotado a passageira não soube responder a pergunta que lhe fez a menina.
Na era da informatização não há mais lugar para certas fantasias, é tempo de ceder e aprender com os mais jovens. 

Não Invente

O conceito de um maravilhoso tempo de outrora deve ser revisto. Ficará óbvio que tomarei como exemplo determinada época, lugar e situação daquele momento, onde é possível que, para alguns não tenha sido tão ruim, porém não perfeito quanto espalham os saudosistas.
Quanto mais se vive, mais se aprende, nos ensina a teoria, no entanto direi que longevidade não é sinônimo de sabedoria. 
Conheço idosos dignos da luz do velho que desce da montanha - ele aponta o bom caminho àquele que nele crê - mas não podemos disfarçar que existem os arrogantes. Estes exigem tudo, sem oferecer nada em troca; não é exagero nenhum destacar a discriminação com que tratam preferências atuais protegidas por leis oficias e falam daquele tempo onde tudo era perfeito: os filhos exemplares e obedientes - será? - ; os românticos casais que só davam - as mãos - após o matrimônio; inexistia o adultério - ; não? He! he! - e a ordem pública - da força - predominava.
- Êpa! O santo é de barro, devagar com o andor que a história não é bem assim. Diria Braga Patelê, o velhinho iluminado, protegido pelo Anjo Tropeiro, portanto, não adepto a meias verdades.
Não precisaremos forçar a memória para recordar da mesma década onde desapareceram misteriosamente tantos que não aceitaram a vida de gado imposta.
Onde estava democracia e o direito de ir e vir? 
O divórcio era pecado, os cônjuges eram obrigados a conviver sob o mesmo teto "até que a morte os separe", todavia havia o desquite tão condenado pelos moralistas, tenho pena das desquitadas. Atiravam-lhes a primeira e tantas outras pedras. Futuras "mães solteiras" foram expulsas de casa ou espancadas. Olhem ai o aborto clandestino.
Quem não se lembra do casamento na polícia? O Delegado mandava deter o namorado apressadinho. Pode?  Quem sabe o que é legitima defesa da honra... 
Certo dia a menina fugiu quando lhe apresentaram o sitiante mal cheiroso. Seu pai havia marcado seu casamento... Não daremos mais detalhes sobre o episódio quanto revoltante...
Vi o menino de catorze meses deixar de ser atendido no posto de saúde. Agonizou quarenta dias antes de vir a óbito.
O Médico, candidato derrotado nas eleições admitiu a omissão de socorro. Motivo: A mãe do pequeno paciente teria entregado ao doutor uma carta pedindo atendimento urgente assinada pelo farmacêutico, o prefeito eleito.
O corpo do bebê desapareceu. A família calou-se. Por que?
Saudosismo é bom, porém sem exageros, pois, uma vírgula mal colocada pode distorcer a verdadeira história. 
Tempos maravilhosos são os atuais, onde a cuja deixou de ser dura e não dita as regras mais. A liberdade de expressão é um direito garantido pela nossa Constituição, diremos então só a verdade aos sábios que estão chegando ao nosso querido Planeta Água.
Os de tenra idade muitas perguntas nos farão. " Não sei " poderá ser a melhor resposta, não inventaremos. Nada está pior, a falsa impressão é que hoje temos acesso à informação.
A menina no ônibus queria apenas saber a diferença entre os edifícios na área central e os condomínios protegidos por cercas eletrificadas. A mãe não soube responder no entanto não inventou causos e nem criou caso. 
Se alguém me perguntar também não saberei responder. Pois voltei a ser criança outra vez para compreender o que não nos foi dito lá atrás e ainda não aprendi a mentir.

Autor: Neusir - Índio

Contos e causos do Índio - Índios em Tapiraí


- A que tribo você pertence?
Por décadas as mesmas perguntas se repetem.
- Onde você nasceu?
- Sou natural da vila Santa Catarina, depois elevada a município com o nome de Tapiraí.
- Neste lugar jamais existiu um indígena sequer!
Um dia tive que ouvir a brochante desinformação.
"Mamãe eu não quero provar nada" - um dia falou Raulzito, mas não deu -, perdão Dona Ninha, História neles!!
Eles estiveram lá, segundo dados do Historiador e ex-prefeito Chiquinho Ise Filho. Não se adaptaram com o clima e desceram a Serra rumo ao litoral. - Índio não sente frio - engana-se quem assim pensa.
A partir do ano mil e novecentos, migraram para as terras - ou mata gelada - os nordestinos e descendentes de índios, Dona Ninha estava entre eles. Casada com seu Quinho cavaram o chão, fincaram os paus, e construíram sua moradia. Caçaram, pescaram, extraíram madeiras, orquídeas e fizeram artesanatos.
A população do vilarejo do brechó, aumentou rapidamente. Seu Quinho e a esposa, contribuíram com catorze filhos.
Desde a chegada dos migrantes, já se passou quase um século, quando então gritei:
 - Aleluia! Maravilha! Eles estão retornando!
Foi a minha expressão ao receber a notícia da transferência de mil e quinhentos nativos para a região.

Jéssicas, Gabis, Docentes Schoeps, Lukinhão, Marco Pedro e demais amigos do Lâminas, o texto acima estava concluído, quando o Professor Caju entregou-me duas páginas do Jornal Cruzeiro do Sul.

Li, reli, pensei, e tenho que mudar alguns conceitos...

Transferência de Índios...

Na excelente reportagem de José Antonio Rosa, constata-se que é compreensível a apreensão do amigo Marteuski - o prefeito - e demais autoridades municipais...
Segue o noticiário com oportuno esclarecimento do Professor John Lennon, Paulo Celso, onde aborda as possíveis consequências da pura e simples transferência dos Tupis - sem qualquer infra-estrutura...
Sempre defendi que os indígenas deveriam ter o direito de ir e vir, ou ficar  onde melhor lhes conviesse, pois supostamente seriam os verdadeiros donos da terra, mas...

Tapiraí

O Município localiza-se no contraforte do Paranapiacaba, a novecentos metros acima do nível do mar. Faz divisa com Ibiúna, Piedade, Pilar do Sul, São Miguel Arcanjo e Juquiá.
O lugar de extrema pobreza e sempre esquecido pelas autoridades politicas estaduais e federais, já teve perto de doze mil habitantes, mas a população diminui a cada ano; é rico ainda no aspecto da vegetação nativa da mata atlântica no entanto a fauna com espécies em extinção já não é a mesma dos folhetos de incentivo ao turismo local.
A Região muito fria com garoa ou neblina praticamente o ano todo, torna-se imprópria para a pesca em larga escala.
A ex-terra das antas já foi a maior exportadora de chá preto da América Latina para a Europa. Porém perdeu o mercado para certo país vizinho, e a vaca foi para o brejo...
Os vídeos propagados na internet são lindos e verdadeiros, todavia não dão a noção exata do clima, que nesta época do ano a temperatura chega abaixo de zero em determinadas noites. Os tupis sabem disso?
Perdemos tantos entes devido as epidemias de meningite, entre outros. É tão triste a história que não  quero ver novamente.
Nossos antepassados não resistiram. Parte dos sete mil habitantes do município já sofre com a falta de estrutura.
Sem lavoura, caça ou pesca, velhos, jovens e crianças viverão de que?
Raízes?
Remédio caseiro?
Cesta básica?
Bolsa família?
Criação de gado? Ou a carne já virá pronta para o consumo em caminhões frigoríficos?
Não invente histórias para crianças, elas vão crescer.
Tapiraí, veja o tamanho do abacaxi!
Alvino, descasque o pepino. 

Autor: Neusir - Índio


Para conferir a matéria do Jornal Cruzeiro do Sul acesse: 

Contos, causos e crônicas do Índio - Mestiços e descendentes é o que restou.



- Parabéns!
A ausência de lágrimas não disfarçou a emoção no simbólico dia, no entanto confesso não sou digno das homenagens. Muitas gerações se passaram, tantos desapareceram e outros estão ilhados. O impasse vêm se arrastando por séculos.
Na medida do possível, procuro contribuir para manter o pouco que resta da cultura através dos "Contos e Causos" e miniaturas artesanais de utensílios, mas isso é tão pouco diante da imensidão das divergências e injustiças ainda nos dias atuais.
Sou um parente tão distante dos donos da terra, todavia em minhas veias ainda correm algumas gotas do sangue puro, sendo assim digo que o mal causado àquele povo jamais será reparado, pois ninguém devolverá aquilo que deles foi tirado. Talvez todo Brasil e países vizinhos.
A título de curiosidade podemos destacar certa época, onde somente na América do Sul o numero de nativos era estimado em mais de oito milhões, divididos em cerca de trezentas nações com culturas e idiomas distintos. Quem Sabe, pela ganância ou ignorância dos invasores foram chamados de Índio e quase extintos do planeta. Que pena, tanto tinham para nos ensinar!
Os que restam estão praticamente confinados em reservas demarcadas, mais não respeitadas, apesar dos esforços dos sertanistas órgãos oficiais e outros.
"DUAS VEZES ÍNDIO" poderá ser o título do livro que pretendemos lançar. Perto de duzentas páginas já estão escritas onde Naiasmim e Uanã travam violento combate em defesa do território. As águas da maior hidrelétrica da América Latina irá engolir a milenar tribo do cacique Mandi?
Sem a pretensão de ser o enredo escrito a três anos, confunde-se com fatos reais, desta feita, a emoção deixa rolar muitas lágrimas...
Em homenagem aos antepassados direi que na terra dos caraíbas tem muita gente de boa vontade sem estes não existiriam os mestiços ou descendentes. Dos natos foi tirada a semente. 

Dedicado à Maria Paula  Turim.


Prof. Pedro a Jéssica perguntou da camiseta do Lâminas.
Autor: Neusir - Índio.

Contos Causos e Crônicas do Índio - Made in


  
Insensível, infiel, infeliz, insensato, infenso, inferior, infame, infantil, infausto, ingrato...
Imaginem, uma região em nível internacional, com determinado numero de internautas que acessaram o lâminas e ficaram indignados com o texto dos ovos chocos, digo, de chocolate. Fui, tão "elogiado" que deixo de ser índio para transformar em "in alguma coisa". 
Não faria qualquer comentário a respeito. Se no portão de minha humilde morada, o inane não tivesse gritado: "Ingnorante"...
Há muito tempo atrás na floresta do Paranapiacaba, um certo indiozinho desnutrido, recebeu de uma sertanista um tablete de chocolate. A fome era tanta que o curumim engoliu o alimento de uma bocada só. Seu organismo não estava preparado para a guloseima, viria a óbito se não fosse o milagroso mateiro da curandeira Nhana. "Minino, nunca mais coma porcaria, seu bucho num vai aguentá" - assim aconselhou a benzedeira.
Cento e vinte anos se passaram, se é trauma de infância ou não, a verdade é que o velho indígena, passa mal só de sentir o cheiro do cacau, porém, já no século passado o velho que descia das montanhas falava as crianças de uma páscoa sem o apelo escancarado, do comércio nas religiões.
Então, nesta época, brincamos e nos divertimos por que cristo está vivo!
Quando mencionamos no texto anterior o "filho do carpinteiro", falávamos do ator, não foi feita qualquer referência ao verdadeiro messias.
Das encenações que tivemos o privilégio de participar, brincamos e rimos muito. E daí?

O "Marcos", no papel principal, se achava o Próprio, porém, magrelo, narigudo, baixinho, barbudo e cabeludo foi chamado de Raul Seixas, Bin Laden, entre outros, menos de cristo; dos apelidos, Che Guevara foi o que "colou", e o cara gostou tanto que deixou de ser crucificado para transformar a América Latina em um único país. Já o nosso papai noel Miranda, estava tão orgulhoso ao ser escalado para encarnar o Barrabás, até o momento que na platéia alguém gritou:
- Crucifiquem o Barrabás, ele é o Presidente Lula!Foi impossível não cair na gargalhada. 

O Alecão, no papel de Centurião, levou a coisa tão a sério que deixou o coitado do filho do carpinteiro cheio de hematomas. O pai do rapaz abriu um B.O na Seccional. 
Na famosa encenação da Zona Leste, os soldados de Roma fizeram coreografia ao som de bela musica. Rimos. Depois, como se não bastasse, o cristo ressuscitado foi elevado ao céu por uma empilhadeira. Rimos, rimos, rimos...
Rir é terapia. Critica construtiva não é pecado.
Pecado é ir todos os dias à igreja e depois lá fora fazer tudo errado. Pecado é não se arrepender do pecado. Eis a mensagem que o Velho da Montanha nos enviou:
"Páscoa é tempo de se descobrir como gente e agir como tal. É o momento de orar pelo irmão desamparado que é gente também.
É o reencontro com a vida que vence a morte. 
É hora de recomeçar, pois ainda há tempo. 
Páscoa é aproveitar a nova chance de melhorar o que é bom; é o dia de abrir as portas do coração para o amor entrar e fechá-la para a inveja, cobiça e tudo mais que nos fará sofrer. É a certeza que amanhã seremos melhores que hoje; é a vez da união da família, perdoaremos e seremos perdoados, então.
Enfim, é chegado o momento de crer que cristo está ressuscitado, e de braços abertos estaremos para recebe-lo quando aqui ele chegar.



Segura essa Fuinha, você que está mais debilitado que o filho do José depois das chibatadas do Alecão.

Autor: Neusir - Índio

Contos e causos do Índio - Made in Xing



Pedro, neste sexta santa, acordei com os ovos cheios, digo, saco cheio. A cento e vinte e cinco anos, ouço a mesma ladainha, tanta gente querendo ganhar ovo de lebre. Tentei fugir do tema, não deu. Tem até criança pedindo pascoinha, diminutivo do produto de chocolate. Não sei  o que é pior, um ovo oco ou dois do coelho.
Escreveria sobre o dia em que você foi o Cristo, mas o Indião que chegou João Batista saiu Fariseu 3 , por falta de caixa na Dona Madalena, quando chega a informação que neste ano o Alecão será o soldado das chibatas no lombo do filho do carpinteito; quem diria, justo o cara que prega o BRIO. Safamos desta há tempo, professor!
No entanto, sentado no sanitário peguei um jornal velho e li a boa notícia:
"O ministério da educação vai distribuir tablets à rede de ensino."
Não são os Ipads 3 - talvez, os genéricos brasiguaios - todavia será melhor que nada, visto que o mirrado vencimento da categoria não daria para adquirir um Xing Xeng Sing, na Feira da Barganha.
Porém, a felicidade não reside no desejo das conquistas de grandes bens materiais, ela está na realidade do pouco que se consegue com muito esforço.
Aliás, Jori Francisco, manda dizê qui tá não cabendo em si dí contentamento, a morde o tableti di chicleti qui lhi ofereceu a piriguete.
                                            
                                           Lukinhão e Schoeps , segura essa!!!

                                           Tenham um bom domingo nesta páscoa, a verdadeira, sem ovo ou chicletes.

Autor: Neusir - Índio

Lâminas e Contos ao Redor do Mundo


Tudo começou sem maiores pretensões. Alunos do Curso de História da Uniso, criaram o blog com o intuito de tornar público, aquilo que, em seus conceitos, poderia não estar correto - nesta cidade - ; mas no planeta menor, por conta da atual velocidade das informações, bastaram apenas alguns passos, para Lâminas Verbais / Contos do Índio chegar ao exterior, no entanto, é oportuno destacar que o compromisso poderá ser maior, ou seja, "poderes geram responsabilidades".
O Provérbio, famoso nas histórias em quadrinhos e filmes do Super-Herói, remonta da criação da humanidade, porém sempre atual, foi citado pelo pajé do indiozinho Uana:
- Curumim, é depositada em seus aprendizados a esperança de evitar a extinção da tribo Mandí.
O Menino de doze anos sairia da aldeia para estudar e conhecer os costumes dos brancos. Entendeu o conselheiro que a estratégia impediria a invasão dos Caraíbas.
Por hora deixemos o enredo para o livro de ficção e vamos aos números, estes são reais:



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Portugal
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Canadá
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Itália
12
Cingapura
12
Ucrânia
12



Autor: Neusir-Índio

A Equipe do Lâminas tá poda e não tá prosa. Alguém duvida?

Contos, Causos e Crônicas do Índio - Pena dos Pássaros




















- Você sente dó dos passarinhos?
- Considerando que devem voar livremente e por conta do belo gorjeio são aprisionados, creio sim que são merecedores de compaixão.
- Não, sinto pelos que estão indefesos na mata, principalmente quando chove. Os das gaiolas estarão confortáveis.
Um tanto intrigado com a observação da dona de casa, o pedestre seguiu seu caminho tão calado; defensor da fauna e flora, aprendeu que as aves enfeitam as florestas, bosques ou jardins; felizes elas são sob a água que cai das nuvens e valem-se da plumagem impermeável para o banho a todo momento.
Estava enganado!
Pássaros não gostam de muita água!
Mudou de conceito no dia em que estava no interior da densa mata da Serra Paranapiacaba e foi surpreendido pela forte chuva repentina. Natural do lugar, encontrou abrigo na gruta de pedra. Desprotegidas ficaram as aves!
- Nada sei!!
 Animais escutaram o seu brado de desabafo. O temporal deixou um rastro quilométrico de destruição, ninhos foram lançados a distância com a queda das aves, incalculável foi o saldo de mortos, feridos e desabrigados. Nos dias que se seguiram, fêmeas procuravam ainda proteger os ovos em troncos desgalhados. Serviram-se os predadores. Em seu dia de revolta a natureza castigou penugens e plumas. O vento levou as penas para o espaço.
*Dona Vilma tem razão:
- Que pena dos pássaros.
É desnecessária a interferência do homem no ecossistema; a natureza se encarregará do equilíbrio ecológico.













*Moradora que acolhe os malucos do "Lâminas" e tantos amigos em sua casa, sem ela, o projeto não teria o mesmo sabor, aliás já estamos dando volta ao mundo. Morram de inveja! HE! HE! HE!

Indião - Neusir

Contos Causos e Crônicas do Índio - Sou apenas uma criancinha





















Apesar da idade, diante deles, sou ainda a criança que engatinha. Ensinam-me os primeiros passos os meninos que me veem igual a um mestre. 
Nada saberia o velho se não tornasse criança outra vez e nos braços dos jovens encontrasse acalanto.
A troca de idéias entre as gerações é de suma importância para o amadurecimento de garotos e idosos; não raras vezes percebe-se que os moços são sábios e os veteranos estão perdidos em uma era não lhes pertence mais.
Privilegiado sou pelas experiências recentemente adquiridas; grato pelo interesse de minhas escritas junto aos adolescentes. Num tempo em que poucos leem, onde a inversão de valores é escancarada diariamente com o apoio total da grande mídia, percebo que existe ainda espaço para meus rabiscos - graças a eles. 

Luca Quinhão, Gabis, entre tantos e Grazi Sette, BRIGADÃO!!

Nota: Lucão é formando em História, onde já dá mostras do talento que desponta; com passos largos caminha. O Jovem ao lado do Professor Pedro e Alecão, tanto "pentelham" o criador do Jori.
Sucesso!!

Indião - Neusir

Bom dia, é meio dia.



















A mulher abriu o portão para sair com as cachorrinhas, que urinaram no meio da rua onde não passa quase ninguém.
Bela Cena! Mas pena.
O caminhante assustou a moradora, que aos gritos espantou os animaizinhos. Em desabalada carreira, dona e cães se refugiaram no lar.
Não era noite; e sim plena luz do sol de final de verão, doze horas e doze minutos, talvez.
O único observador da cena, com poucas chances de erro, diria que a mídia sensacionalista dissemina neurose coletiva à população; ou seja, você é bandido até que prove sua inocência. O cidadão foi confundido com malfeitores. Ele apenas disse " Bom dia ".
Ficou sem resposta.
Esqueça a humilhação, senhor.
Desejo-lhe Bom Dia, mesmo que seja tão tarde.
Autor: Neusir - Índio. 

Contos, Causos e Crônicas do Índio - Onze e Onze





















Para o mundo, o momento passou despercebido, no entanto, naquele encontro casual no trânsito caótico da avenida Américo Figueiredo, os parceiros traçaram importantes metas.
O jovem de boas idéias pediu a opinião do velho que imediatamente ratificou-as.
Pensar grande, tirar as mãos do chão e caminhar de forma ereta é o grande desafio. Poderíamos dizer que perderam o medo do escuro.
O proveitoso diálogo de poucos minutos ficou concluído exatamente as onze horas e onze minutos, observou o rapaz. Vinte e nove de Fevereiro, somente daqui a quatro anos, lembrou o veterano.
Os amigos se despediram e colocaram os pés na estrada, em busca do mesmo ideal.


Sucesso, Pedro.
Bom Dia.


Autor: Neusir Índio.

Contos, Causos e Crônicas do Índio - Violência Zero























Noite linda. Lua, planetas. Não tem poluição a ofuscar o brilho dos astros. A olho nu vemos Marte, Vênus, Saturno e a imensidão da Via Láctea. Aqui em baixo os casais estão sentados em cadeiras de balanço, nas calçadas, enquanto os filhos obedientes brincam de pega pega, roda roda, e passa anel; isso em plena via pública.
É possível, pois já é tarde da noite, já passam das 21 horas e não existem motoqueiros empinando suas possantes máquinas e maus motoristas a atropelar cães, gatos e nossas crianças.
Os televisores, computadores e celulares estão desligados, as perigosas máquinas não mais serão acionadas.
Não tem pornografia na tela e nem venda de assinaturas p/ espiar os confinados, até poderia, pois o BBB do Bial não é imoral: em vista desta paz acabou o divórcio.
As pessoas com papeizinhos brancos caminham de mãos dadas. O moço descalço também, apesar da cor da pele.
Tenho que pedir perdão, ninguém maltrata animais, todos são fiéis tão qual o cão. O único mentiroso sou eu, tenho urgente que retirar do Lâminas os textos violência I, II, III e IV.
Eu menti, logo eu!
Dona Ninha e Maberia sempre me ensinaram a ser honesto e não mentir, para agradar a tupã e ser protegido por ele. Logo eu!
Perdão mãe, perdão, tia.
Acordei! Droga!
Como é bom sonhar.

Texto dedicado aos que odeiam Índios.


Para visualizar meus outros textos, com maior facilidade, digite " NEUSIR - ÍNDIO " no campo de busca.

Autor: Neusir - Índio.

Contos, Causos e Crônicas do Índio - Carnaval?



Estávamos em pleno carnaval.
Disseram, eu não vi.
Os gringos quiseram e vieram para vê-lo.
Penso por que saem de tão longe para ouvir os repetitivos sons dos tambores.
Penso um pouco mais e percebo que bundas e peitos são mais atraentes que as paradinhas das baterias e os repiques dos tamborins.
Se puder dar umas apalpadinhas, a viajem valeu a pena.
Será que os forasteiros tem muito dinheiro e não sabem aonde gastar, ou como nós contam e guardam moedas o ano inteiro, para descer a Serra do Paranapiacaba e dar uma salgadinha de três dias na nossa?
Também temos bunda.

Lamentável será deparar com um luxuoso navio invadindo a praia.
Não temam os tubarões!
Voltem sempre, Hermanos. Gracias.



Autor: Neusir - Índio.

Contos Causos e Crônicas do Índio - Violência IV




- Você vai ficar cego, ou até amputar as pernas se...
Chocante e infeliz observação fez o pai ao flagrar a criança que pretendia abocanhar o irresistível chocolate.
Quisera eu neste momento estar iniciando apenas mais um conto do Índio, ou que fosse uma crônica de um fato isolado da cidade que cresceu de forma desordenada. Seria menos comovente e preocupante; mas não é assim.
Quantos menores em formação de sua personalidade são repreendidos com colocações tão fortes e nem sempre verdadeiras.  As consequência para o futuro do menor poderão ser desastrosas. No caso ora citado o progenitor gritava com o filho de tão somente quatro anos de idade. Creiam!
Não pretendo exagerar na minha modesta opinião, todavia comparo tais atitudes a atos violentos, não menos que o enforcamento do bebê com o próprio cordão umbilical, cuja autora foi a mãe. A deformação do rosto do homossexual corroído pelo ácido atirado de um veículo; a morte do Galdino, ou o punhal que sem piedade é cravado no coração do leitão que chora e implora pela vida, pois ele e ninguém gostaria de ser transformado em salsicha, presunto ou torresmo pururuca. Sentem seu sofrimento seus pais e irmãos até que chegue sua vez. Não faltará freguês.
Violência é violência não importa contra quem, ou o quê. Se forem anotadas em folhas de papel e colocadas lado a lado, as crueldades que saem da boca, em poucos dias, dariam para cobrir toda superfície da esfera azul. Porém...

"Imagine all the People / Live the life in peace - Lenon"
Imaginemos que os pedaços de papéis no solo sejam os habitantes de mãos dadas caminhando para a mais alta de todas as montanhas em busca de paz. Lembraremos do velho que desceu a terra, para consolar o menino, que chorava a perda dos irmãos e disse:
- Temos que chegar lá pelos caminhos tortuosos, estes nos fortalecerão na vida que se iniciará.
Apontava para as nuvens o homem de longas barbas brancas.
Neri Jori entrou na manilha e dormiu sorrindo, como se estivesse na mais confortável das moradas.

Profº Pedro valeu! 15 anos! A imagem foi oportuna. 
Nota do Índio: Coordenador do Lâminas, o jovem docente, colabora na escolha das fotos publicadas em contos causos e crônicas do Índio.



Autor: Neusir - Índio

Contos e Causos do Índio - Violência III


Matam baleias, seus fetos e filhotes. Os bois, as vacas e os vitelos. Onças, antas, e lagartos. Leões marinhos, focas e ursos polares, gorilas. Não escapam nem os gigantes; zebras, girafas e elefantes.
Sofrem ainda mais os pequenos; jaguatiricas, saguis e catetos.

Derrubam palmeiras, cedros e jacarandás. Destroem toda a floresta. Agonizam os pássaros, calangos, jararacas e urutus. Desaparecem até os Urubus.
Secam os rios, fogem os sapos, rãs e grilos. Ninguém sabe para onde foram os peixes.

Pedem socorro as crias, nada podem as mães, pois iguais a eles também estão:
- Morrendo!!

- Que mundo tão civilizado é esse?

- Que espécie de inteligência é essa?
Gente?
- Dementes?
Um dia serão julgados e castigados pelas enchentes. A natureza, enfurecida, cobrará justiça em favor da fauna inocente.

Dedico ao Prof. Pedro, Schoeps e Neri Jori Francisco.



Autor: Neusir - Índio.

Contos e Causos do Índio - Violência II



Pinga com Cobra...Cérebros de símios servidos nos próprios crânios, enquanto o corpo reluta pela vida...petiscos de siris que andam sobre a mesa...vitelo faminto confinado, logo é tenro bife empanado...a fêmea fértil do sauveiro, transforma-se em suculento iça forrado...
Não teríamos espaço para enumerar tantas receitas da culinária bizarra, tão normal de acordo com a cultura de cada povo.
...Mais de 73 milhões de tubarões são pescados a cada ano; agonizantes são devolvidos na água e a sopa de barbatanas é colocada nas tigelas para manter a tradição milenar; de poucos filhotes, erroneamente classificado como o terror dos mares, uma das espécies mais antigas do planeta, sem leis internacionais que a proteja, nada rumo a extinção.
E dai? Se por aqui gabam-se os que tem salmão, cedo à tarde ou a noite. Feliz é a sagrada vaca lá na outra parte do mundo, no entanto não tem a mesma sina o cão; se não é maltratado, será comercializado em açougue ou mercado. Sua carne tão saborosa, é comprada ao costelão, cupim e picanha de boi, na churrascaria do lado de cá.
E o índio?
Não importa se foi o dono da terra do novo continente, se cochilou, churrasco também será. " Essa criatura rara de nossa fauna, não merecia ter sofrido tamanha atrocidade... Protesto, ele dormiu em local impróprio, os meninos só queriam se divertir, não tiveram em nenhum momento a intenção de cometer homicídio. Peço a absolvição de meus clientes, senhores jurados..."
Jovens da burguesia atearam fogo ao corpo do cacique que dormiu em um banco no perímetro urbano. O ato impensado, culminou em óbito - dias depois. ( Trecho da obra fictícia ainda não publicada: "Duas vezes Índio" ).

Empolgado, o profissional responsável pela acusação dos assassinos atrapalhou-se ao dirigir-se aos jurados, tudo ficou tão fácil então, para o experiente defensor contratado.
Ficção e realidade se confundem; a vida de um ser humano pode ter o mesmo valor de uma cesta básica, ou um fim de semana de trabalho comunitário, depende do lado do globo em que *"o vulto do mal" estiver.

Por mais que tentem explicar, não entenderão as brechas nas leis dos civilizados, os selvagens que só querem viver em paz e que a justiça seja feita.
Yamamoto, não podemos ser apenas uma ou duas gotas brandas que caem das folhas em noite de sereno, enquanto a água do mar continuar tão salgada.

Não tema os tubarões!

Sucesso!




*Vulto do Mal: Personagem que sai das trevas para cometer crimes em noites claras.


Autor: Neusir - Índio

Contos e Causos do Índio - Violência I



É louvável a iniciativa da jovem Susan Yamamoto, idealizadora da ONG Adote um Gatinho. A moça descobriu trinta e nove cães e gatos morrendo por envenenamento na Vila Mariana, na capital. Conseguiu salvar alguns. As ONG´S pedem rigorosa punição àqueles que maltratam animais.
Sou solidário a causa , no entanto, temos que admitir que somos minúsculos grãos na areia da praia. É desconfortável aceitar que atos considerados, por nós, ilegais, variam de acordo com cultura de cada nação.
Eliminar cães ferozes que atacam Ovelhas, Lebres, e Frangos, a nosso ver é crime, pois pretendíamos vender a lã, peles e ainda saborear a carne das vítimas dos pastores alemães.
Soltamos fogos de artifício para anunciar a chegada de cada ano, mesmo sabendo que pássaros se perderão fora do ninho e os filhotes morrerão de fome. Os cães ficam enlouquecidos até que seus tímpanos percam as funções.
Comemoramos o Natal sacrificando milhares de reses, suínos e galináceos, para abastecer a farta ceia, onde tem frango recheado com farofa e ovo cozido no orifício. Achamos tudo tão belo, até o leitão em pé sobre a assadeira com uma batata na boca fica maravilhoso; tão cheiroso e apetitoso ele é.
Não é raro depararmos com pássaros mortos de sede olhando para o recipiente vazio em minúscula gaiola. Compraremos outro para o filhinho chorão que não irá alimentar o bichinho mais uma vez...

Autor: Neusir - Índio